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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

UNE e UBES são contrárias ao financiamento liberado às instituições privadas

Por que as faculdades privadas, que historicamente têm cobrado mensalidades abusivas dos estudantes, agora poderão ser financiadas com dinheiro público? Essa pergunta resume a indignação da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) com a notícia da concessão de uma linha de crédito para capitalizar as instituições de ensino superior privadas. "Isso mostra, mais uma vez, a necessidade da luta pela regulamentação das instituições particulares prevista no projeto de lei da Reforma Universitária da UNE, que está na Câmara. O Governo investir dinheiro público na universidade privada reforça o modelo atual, com o qual não concordamos", afirma Augusto Chagas, presidente da entidade. O financiamento referido é fruto de um protocolo firmado entre MEC e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na quarta-feira, 5, que prevê a concessão de cerca de R$ 1 bilhão às instituições de educação superior. "É um absurdo e não faz sentido o Ministério da Educação conceder capital de giro pra faculdade particular!", exclama Chagas, mencionando uma das modalidades da concessão. "O dinheiro público até poderia ser empregado na inadimplência, o que impediria que muitos estudantes parassem de estudar, mas o fundamental que a UNE tem defendido é que as universidades privadas quebradas devem ser imediatamente “estatizadas” completa.

A medida é resultado do lobby das faculdades privadas que, conforme noticiou o jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira, 6, vem agindo desde "fevereiro, quando o governo precisava ajudar as instituições para diminuir os efeitos da crise econômica". "Essa é mais uma faceta para maquiar a pressão que vem forçando o mercantilismo da educação", opina João Paulo Ribeiro, coordenador geral da Federação de Sindicatos de Trabalhadores de Universidades Brasileiras (FASUBRA). A entidade declara que é preciso denunciar isso para a sociedade. E, se uma disputa está acontecendo, é necessário mostrar que o outro lado também está na luta.

Sem contar que justificar qualquer ação desse nível com a crise econômica é extremamente enganoso. O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Ismael Cardoso, lembra que recentemente o presidente Lula afirmou ter se arrependido de emprestar recursos às empresas com dificuldades financeiras, pois isso não impediu a demissão de milhares de trabalhadores. E completa com uma questão ao ministério: "MEC, como ficam os estudantes inadimplentes, que não conseguem pagar as mensalidades abusivas?", questiona Cardoso. Fato é que os mesmos empresários que na época da discussão da reforma universitária diziam que o Estado não tem direito de intervir nas instituições de ensino, agora buscam o mesmo Estado para socorrê-los. A UNE e a UBES farão pressão para que o crédito seja exclusivo para o pagamento de dívidas, além de gastos em infraestrutura, compra de equipamentos, qualificação de professores e fusões e aquisições, também previstos no acordo. Fonte: Estudantenet

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